sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Encontros solicitados, mudam as possibilidades



Um pote de luz, amor e benevolente alegria!
Os encontros, são e sempre serão uma roda, um círculo, um contexto de movimento.
As pausas sempre oportunas para aprendizado.



No respirar uma união do céu que nos protege e da terra que quer e precisa de nossas pisadas, suas cicatrizes. Ar puro e uma certa inocência no olhar abrem as portas do ilimitado.

Natureza e humanidade andam juntas porque são complementares. Fazer os amigos e mantê-los é uma correlação do Céu aqui na Terra, é simbôlico!

Girar essa roda movimentada, abrir espaço para aprender, rir, amar e cuidar.

É fazer alma, é contribuir com nutrição para o mundo!!

Impregnados de fé porque a alma mexeu é estar no mundo feliz.

Dias de alegria, dias de tristeza, mas sempre Felizes!


De Miriporã, para o mundo, mas em especial para os amigos da alma, Elaine




sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Delicadezas do olhar estrangeiro

Mais um dia de caminhadas e um céu de luz e amor por sobre nossas cabeças, definitivamente uma benção essa luz ao final do dia no passeio ao Cemitério Recoleta em Buenos Aires.

Já estive ali um par de vezes e nem iria hoje, minha meta era o Museo de la Língua Española, o único em las Américas, como o nosso da Língua Portuguesa em São Paulo, mas no meio do caminho o Centro Cultural Recoleta, finalmente aberto me fez rever o roteiro. Nesse espaço uma super exposição de fotografias acontecia, não resisti, mais de 8 salas com uma super mostra inclusive com um artista brasileiro, mas sobre isso decorro em outro post, hoje quero falar do cemitério.

Sempre lembro do filme: "Meia noite no jardim do bem e do mal" e de uma personagem fantástica (tipo bruxa ou feiticeira) que comenta: - "Para se entender os vivos, há de se comungar com os mortos!" e foi exatamente o que a mudança de roteiro me fez fazer.
Fui comungar com os mortos argentinos, que NEM conheço, mas as experiências nesse campo sempre são fabulosas, todas as vezes que passo por ele, minha vida fica mais interessante, minha emoção aflora e o que vejo ali movimenta minha alma, nutre meu coração e eu fico muito melhor como pessoa. Fora as experiências no campo da metafísica (paranormalidade) é muito legal!

Em cada cantinho, novas e surpreendentes surpresas, há arte, há sensibilidade, existe uma aura de respeito ou pelo menos assim vejo, há mistério, há diferentes religiões ali, mas tudo dentro de uma composição que abrange o invisível! muitos dos túmulos estão perfeitamente conservados, assim como muitas das obras de arte ali existentes, outros nem tanto, alguns antigos caindo aos pedaços, mas revestidos de profunda religiosidade, que a meu ver é o que se espera de um lugar assim. Eu comungo mesmo, quase mastigo o ar ali existente e da próxima vez quero levar flores para algum túmulo abandonado, para saudar alguém esquecido ou que a família já tenha sido descontinuada. Os esquecidos do mundo. E lá venho eu novamente com os tais dos registros, ando obsecada por este tema. Que atualmente faz parte do momento do mundo, fechando ciclos (futebol, política, humanóides...o Kilt, gente o KILT fechou... o templo da luxúria de SP fechou suas portas...enfim, fim dos tempos) e ai que no final da curva subimos de degrau. Comungar com esses ossos me faz me sentir em casa, por favor, não vejam nisso algo doentio ou maníaco, mas como uma postura perante a não morte, porque ela não existe. Ali nos ossinhos há o registro dessas existencias pela Terra e que voltaram à terra para refundamentá-la.  Se há algo que me incomoda? Claro que sim, a voz dos brasileiros e suas risadas altas! Exato, ouvi e presenciei isso várias vezes, o tal desrespeito, um dos momentos foi quando um dos moços de um grupo de 6, saiu reclamando que o túmulo "da Diva" (Evita Perón) deveria ter plumas e paetés, que era muito chinfrim e que tinha perdido seu tempo vindo ali e foi contestado pelo grupo com altas risadas. Quando me perguntaram sobre a saída pensei em mandá-los para o inferno, mas rapidamente levei-os até o corredor para que deixassem o ambiente mais tranquilo, como todos os mortos ali precisam. Mas não sem antes jogar a praga do Camelo neles...rsrs

Por isso penso em levar flores, é a forma de brindar com essas existências já que não bebem mais vinho!!Honrar à quem merece descanso. Acho que gostaria que fizessem isso por mim!




Neste túmulo por exemplo, temos os caixões (dentro deles há outra caixa forte mesmo que se decomponha o material permanece intacto, até anos atrás as caixas internas eram feitas de chumbo. Acima entre as fotos há uma do cão da família! não sei se está enterrado ai, mas me pareceu muito respeitoso. Neste outro já vemos as caixas menores todas com cinzas ou resíduos dos falecidos, protegidas por uma imagem de Cristo e de Mãe Maria, achei o máximo. estes que fotografei são revestidos de vidro, por isso pude fotografá-los. Mas a grande maioria são mausoléus em diferentes tamanhos e tipos de contrução. São belos!



Talvez o meu olhar estrangeiro veja isso de forma diferente, mas me parece que olhando por esse angulo, tudo está em seu devido lugar! Não é para ficar mais sereno com isso??


Enfim esse espaço realmente possui belezas, fiquei ali por quse 3 horas e à luz da tarde tudo ficou ainda mais bonito. Na foto abaixo vemos a torre da Capila De Nuestra Sra Del Pilar:  


De Buenos Aires para o mundo, Elaine


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

um doce, um tempo, um desejo de memória




Passeando pela Casa Rosada, em Buenos Aires - Argentina, deparamo-nos com esse quadro! Está logo à entrada da galeria de "heróis" que lutaram pela Pátria de origem, pelo seu país e entre os vários líderes de países circunvizinhos, encontramos o nosso Tiradentes. Confesso que por alguns instantes fiquei sem palavras, senti uma ponta de orgulho no peito e uma vontade enorme de chorar.

Essas sensações que temos ao longe de nosso local de nascimento, sempre me suspendem.

Fico por dias muito triste e muito irritada, porque em nosso país a história, a memória, seus registros (sejam escritos ou construídos - arquitetura, obras de arte, paisagismo...) estão diluíndo, como sinto falta desta consciência consistente de deixar para o futuro um bem plantado. Uma marca, uma sentença de que sem essa história, nossa raiz se perde.

Devoro um alfajor com dulce de leche, pensando nisso! e de repente me lembrei dos pães de queijo de Minas recheado com o doce de leite mais cremoso que já comi! Isso ativou uma outra memória (olha ela aqui e sua importância!): Me recordei ter lido uma reportagem sobre Minas Gerais e suas obras Relíquias de Aleijadinho, estarem sendo delapidadas pelo tempo e pela falta de recursos (!!) para dar o devido cuidado ao conjunto de trabalhos do Mestre escultor.

Sinto falta disso em meu país, acho que por isso tenho tido a oportunidade de vê-lo à distância e por outro angulo e percebido que já existem pessoas que querem guardar algo para o futuro, como uma cápsula do tempo.

Neste aspecto, incluo aqui, as observações que fiz ao passar pelo Instituto de Arte e Jardim Botânico: Inhotim em Brumadinho, Minas Gerais!





Essa sensação não se modificou até agora, essa mescla de "bondade" com generosidade, de alguém (seja lá por que motivos ...$$... forem) não me importa nem um pouco, pensou em criar um espaço lúdico, sustentável, planejado, limpo, saudável, impecável, organizado, cuidado, leve, colorido, rico de esperança, porque alguém no futuro muito distante, vai saber o que ocorreu no Brasil, na arte de meu país na sua forma de contar história, a guerra mudou de forma, mas não de objetivo, se guerreia para manter uma tradição, da mesma forma que se rompe a tradição pra evoluir o processo da guerra que manterá a nova tradição, até que se rompa novamente. Fico pensando que Inhotim foi um dos melhores lugares no planeta já criados pelo homem, me desculpem a franqueza, mas não me sai da cabeça e do coração a leve suavidade com que saí deste espaço. De levar comigo a curiosidade e resgatar na volta a ordem e o progresso!

Foi um fechamento de ciclo para mim, meu resumo de tempo. Uma síntese bem elaborada da arte.história, em vida!


E hoje olhando o cuidado com que os argentinos cuidam de sua história e como preservam e saúdam a memória de seus heróis e dos nossos (!!) e ao ver o quadro pintado de Tiradentes com a seguinte frase abaixo: "Se todos quisêssemos, poderíamos fazer deste país uma grande nação"  contive o choro e segui caminhando e penalizada com minha própria forma de sentir, segui pensando no que mais fazer num país onde se fecham cinemas, onde construções cariocas, mineiras e paulistas de grande representação caem aos pedaços  e se abrem templos hipnóticos para o entorpecimento da mente (sejam as malditas igrejas subdesenvolvidas, estádios superfaturados, como os Rave temples com os trances das baladas)anestesiando a massa inculta.

O mundo precisa evoluir sob novas luzes, sob o vento das artes, sobre a razão da história mas principalmente pelo sentir: do Belo, do grandioso, do nobre.

Precisamos resgatar nossos heróis, para que em ressonância com a nossa trajetória heróica interior o mundo ganhe patamares novos.

Precisamos disso com urgência. Do Valor e do Princípio que dá vetor a isso. Precisamos de integridade.

O doce de leite de Minas não será igual ao dulce de leite da Argentina, mas ambos me trazem memórias desse futuro.

Que as cápsulas se mantenham, mas que o mundo evolua!

De Buenos Aires, para o mundo, Elaine