quinta-feira, 21 de abril de 2011

imaginário, leitura, escrita e a solidão dos matadores

(Sérgio Fingerman - imáginário)

Ando perplexa com o mundo demonizado que temos visto hoje em dia e sem querer muito, tenho pensado maneiras de acalmar a alma, limpando a lama da rua.
Depois das fortes notícias sobre a morte de trinta e tantas pessoas nos EUA, onde um jovem coreano, SOLITÁRIO, solitário, vejam bem... palavra dita e refrisada pela mídia, resolveu dar cabo dos festeiros (segundo ele mesmo em carta deixada antes de se matar) e dos jovens que não dão valor o valor aos sacrifício do estudo, para limpar o pedaço onde ele estava.
Rebelde sem causa, cavaleiro desequilibrado, ato heróico ??

Outro caso bem recente, 2011, o massacre do Realengo, outro solitário, que armado e em surto, matou treze adolescentes.

Isso faz pensar no básico: como foi a infância dessas criaturas, muitas dúvidas não? É uma preocupação, como estamos criando nossas crianças?
Há de se nutrir o imaginário nossas crianças, há de se gerar novos e poderosos movimentos - há de se cumprir a Lei.
Esta nossa lei falha e desavergonhada que não conta muito, mas a Lei Justa e divina esta que em breve se instalará integralmente, por enquanto vai mostrando o rosto aos poucos como uma grande sombra e nos fazendo refletir.
O que estamos fazendo por nossos pequenos futuros heróis?  não o herói sem causa como o jovem coreano, ou o nosso menino do Realengo ... ou talvez com a causa individual da solidão, onde no imaginário trancado talvez tenha visto o inusitado. Talvez tenha visto que pela porta da bala, da metralhadora ou da arma calibre 38, ele alcançaria no real o que não foi alcançado no ideal, no mundo das idéias,  libertou-se. Libertaram-se.

Talvez não tenham tido na infância um mundo de cores e sonhos que alguém em sã consciência deveria ensinar, mostrar, oferecer: o contar uma história. Dar atenção ao ser em formação.
História sim, contos de fadas, fábulas - contos das Reinações de Narizinho e mais um sem número de coisas gostosas que geram em nós a auto estima, a vontade de ser herói, de ter honra de lutar por mundos verdadeiramente Justos.

Se não por medo do futuro, se não pela própria vontade de transformar o mundo, no mínimo agrade alguém, conte uma história...
nutra a alma dos pequenos seres, agite essa bandeira sem dor. Faça essa parte ser sua.

Compre um livro - sente com teu filho, sobrinho ou neto na hora das malignas novelas e "PERCA SEU TEMPO" investindo no futuro. Nutra a alma e a imaginação de um ser em formação, como quem sabe um dia tenham feito com você. Que fez com que você tivesse se tornado esse ser Hoje. Relembre histórias em família, nada de almoço e jantar com tv.

Fale dizendo, escute ouvindo... imagine nutrindo... e se isso tudo não funcionar, escreva, mande cartas, bilhetes e scrapsw...

Vá a um asilo e conte histórias, à um orfanato e se torne presente, compre livros de contos de fadas, escreva um, crie e distribua. Retome as rédeas da imaginação. Presenteie com histórias, compre fantoches, narre, participe de espaços onde isso é feito.

Incentive a leitura em sua empresa, compre livros, doe livros. Nós estamos sem líderes porque falta imaginação... o mundo resolveu alinhar pela superfície e pela igualdade (??) do óbvio!! Nivelamos o mundo imediato pelas celebridades e celebritísmos (nem sei se essa palavra existe, mas me permitam por favor) e infelizmente não pela integridade porque falta NUTRIR O IMAGINÁRIO DE NOSSAS CRIANÇAS E DE NOSSOS JOVENS E ALGUNS ADULTOS, com realidade arquetípica. Chega de pagodinho, axezinho... cante canções de ninar e converse sobre isso com seus descendentes...

Faça da imaginação a porta de entrada de um novo mundo. Seja você a diferença entre a pessoa que passou pela vida de alguém e a pessoa que deixou uma coisa que me contaram quando eu era pequena...
Ai quem sabe a solidão que parece reger o mundo e leva a violência, comece aos poucos ser menos grosseira e passe a ser coletiva e um dia quem sabe civilizada. A solidão gera medo mas, quem tem imaginação ativada nunca está sozinho e com isso o medo não faz morada e a solidão virá brinquedo.
A vida é potencializada para quem aciona o ato criador. Crie.


(brincando em San Telmo - por Elaine)

EU NÃO ESTOU SOZINHA!
"EU PENSO, LOGO EXISTO."
EU IMAGINO...
e meu mundo é preenchido de amigos!!  
vamos brincar??
Mas isso é só uma idéia, mas vai que dá certo né??

De algum lugar do planeta, Elaine

"Há de se gerar heróis no imaginário": é um texto de 2007 que repaginado, migra do antigo blog para  aqui para o P O R T Á T I L.







sexta-feira, 15 de abril de 2011

"como um diário de minha escrita"

(Boiçucanga - por Elaine)


Como um diário...
escrevo por querer alcançar o divino
escrevo por motivos óbvios
escrevo porque quero registrar o que a memória me falha
escrevo porque quero que saibam que eu existo
escrevo porque gosto
escrevo porque escrevendo me lembro de mim, me lembro do outro
escrevo porque dou sentido ao meu raciocínio
escrevo porque a alma pede um gosto novo todo dia
escrevo por não saber silenciar
escrevo por saber enxergar
escrevo por saber ouvir
escrevo para organizar o que tenho em meu olhar
escrevo por achar simples o engatilhar das palavras
escrevo para honrar as que me precederam
escrevo porque sem isso me sentiria menos,
menos humana
menos divina
escrevo por saber ser um dom o contar e o comunicar,
escrevo porque chego ao prazer
como um diário de minha escrita.

Elaine
Direitos Autorais Reservados®

lembrete para me manter no caminho

Rui Barbosa tinha razão, em seu discurso no início do século passado: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver as desigualdades, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto!"

eu quero de sa pren der

(Buenos aires - A ponte da Mulher)

O vento que veio num momento onde estava analisando aquela parte importante da vida chamada amadurecer, querendo ficar sem nada dentro e vazia, onde jogar fora aquele monturo de coisinhas inúteis dentro e fora, coisas que nos fazem pensar para baixo, nos tira a auto estima e promove dor, me fez pensar na limpeza:

- comecei limpando as gavetas, os armários, as fotos os papéis e o computador...rs

- depois os sentimentos inumanos e inanimados que carrego - aquilo que ocupa espaço por mais tempo que necessário, deixando um amargo na língua e uma acidez no estômago, durante esse tempo de vida que existo.


- depois os sentimentos mais nobres, ah nem vem! ...alguns deles a gente idolatra e para que???

- choro mesmo, bota tudo pra fora, aquela mania de mártir que às vezes aflora com a máscara de boazinha...

- chorei, esperneei, porque às vezes não quero largar as acomodações e as benditas cristalizações que carrego comigo, esvaziando, feito bexiga no ar quando está furadinha e faz o fuimmm e todo um movimento em volta.
Estar vazio, favorece: deve haver uma forma maior que esse cotidiano vivido dia a dia. Salgar, açucarar, já não importa, os sabores daqui são meio insossos, pra viver bem há de viver com plenitude, que nem o Fernando Pessoa: SE INTEIRO!

Para isso resolvi que aprender não me ajuda mais, isso já é natural em mim, talvez eu tenha que caminhar através de outros olhares, entender uma Madre Teresa ou uma JoanaD’Arc, talvez eu tenha que desaprender.

Seria isso também uma forma de aprendizado??
Não sei, mas quero é DESAPRENDER, para me sentir solta, mais livre ainda do que já sou e ser mais espaço para Ser.

Estou desaprendendo ...
Quero DESAPRENDER, antes que o comum me prenda.
De algum lugar do planeta, Elaine

Observações:
Este texto foi escrito em julho de 2009 para  um outro blog, que está sendo diluído e transferido aos poucos aqui pro PORTÁTIL. Mas o curioso é que me pego novamente na mesma fase, onde este ciclo, a limpeza toma conta e a organização quer imperar, com isso esvaziando o que não serve, abro espaço para o NOVO, que é para os visionários, loucos, idealistas, matéria prima da alma e do espírito.
E ai,  em tempo, desejo feliz ano novo!! rsrsr

quarta-feira, 13 de abril de 2011

diálogo contemporâneo, afetivo e interativo

Ok... Entendi direitinho. Meu mundo se move por imagens e às vezes, saio captando por ai algumas coisas. Aconteceu que, nesse dia algo raro e complexo ocorreu, minha câmera disse não.

E eu não a fotografei, eu a resolvi seguir. É eu entendi direitinho. Ela desceu ali naquela estação do centro, numa rua longa, uma rua complexa. Atenta, com o olhar que costumo ter quando observo o mundo como “fotografante”. Parecia absorver no ar as partículas mais suspensas.

Caminhei com certa distância e fui acompanhando. Entrou na livraria, pegou um livro, viu a dura capa e tive a impressão que o peso do livro foi o ponto para que não o comprasse agora, mas que mais adiante numa outra oportunidade ela o levaria para casa. Saiu tomou um gole d’água e seguiu, mais à frente sacou uma cadernetinha e simpática encostou-se numa base de concreto e anotou algumas coisas. Minha mente curiosa ficou mais aguçada ainda. O que será que anota?

Olhou ao redor, mas não me viu. Que alívio. Isso me desviaria e perderia a razão de minha observação. Respirou, admirou ao redor e seguiu.

Entrou numa espécie de exposição, vi ali os quadros e resisti o quanto pude, mas de fora eu via suas ações e queria me juntar. Mas quando observamos, não podemos interferir. Não podemos querer distorcer nossa maior emoção. Mantive uma distancia confortável para ela e também para mim e ali fiquei. Anotava.

Olhava o quadro, fitava por segundos, aproximava os olhos da tela, uma hora vi que passou a língua nos lábios como se saboreando as camadas. Quando saiu de frente aquela tela , fui para o seu lugar. Ali fiquei. De fato eram tantas cores que me deu vontade de morder a tela, mas seria mais que intervenção, seria um atentado a obra. Mastiguei um caramelo e percebi que continuava anotando, de seus dedos saiam luzes, era como houvesse se apossado de algo da obra que agora falava por si, pela escrita. Pensei que poderia ser professora, ou poeta, ou ainda alguém que tem febre pelas letras como eu tenho pelas imagens. Aproveitei esse momento e me aproximei, com cuidado, mas o transe era focado, pude ver sua letra correndo azul sobre o papel, uma letra linda, ágil, definida. Não me demorei muito, mas pude ver o quanto de personalidade marcante ela possuía.

Afastei-me devagar, sempre com o cuidado de não interferir. Aos poucos foi relaxando as mãos, que ficaram mais longas e suaves. Acariciou o caderno como quem acaba de anotar um tesouro, e assim delicada ficou como em êxtase, esperando o ritmo do coração voltar ao normal, assim como as cores de sua face, que agora mais rubras, sorriam.

Dou-me conta de quantas incríveis fotos eu perdera, mas existem momentos que câmeras devem mesmo dizer não e que a retina, esta sim, deve guardar a poesia e a construção de algo que se vai parir depois. Assim como ela, ali, absorta, mudava mundos internos e acomodava as cores viventes no seu peito, mesclando sal, do suor e das lágrimas.

Encerra a visita colocando fones de ouvido, seus dedos teclam sobre as pernas. Talvez o que ouça agora seja música ao piano, tecla acompanhando o ritmo. Levanta e saí rapidamente. Se perde em meio da multidão e eu sigo imaginando como poderia se chamar tal pessoa. (Elaine Perli Bombicini)


Adelia e Elaine

Esse texto é parte de um diálogo contemporâneo, afetivo e interativo com o blog:


onde sigo e participo na troca de olhares, letras e entendimentos...
(escreverei mais, mas a ansiedade em postar é maior...rs)

O texto surgiu como uma espécie de contra mirada, ao texto que Adélia escreveu chamado "Evento", onde através de sua observação, narra em toda a gama de cores e sentidos sua ida até uma exposição, todo o trajeto vivenciado, tornou-se então, parte do Evento.
Escrevi como uma continuidade, o meu olhar sobre, junto e através.. uma vivência em escrita. Gostei imensamente de fazer isso.

Adélia, assim ela se chama.

De algum lugar no planeta, Elaine
















a luz de Black

(Av. Grecia, Balneário Antofagasta)


O prazer da caminhada,  sempre é precedido de curiosidade, numa dessas caminhadas por Antofagasta, no Chile, segui o som de um latido agudo e constante, como um alerta rigoroso, fui caminhando pela orla até uma escadaria de onde vinham os tais latidos.

Comecei a rir sozinha, a minha curiosidade encontrara, um ser ainda mais curioso que latia bravamente a cada início de onda, pois ali onde elas enrrolam, faz-se um barulho ensurdecedor. Ele latia ao ruído forte e ficava esperando o respingar da água salgada sobre si, depois saia correndo como se estivesse dando grossas gargalhadas.

Quando me viu, Black (assim vou chamá-lo), me olhou curioso, talvez pensando: será que ela vai me atrapalhar aqui?  Mas quando percebeu que eu apenas iria captar algumas imagens, virou as costas mais relaxadamente e ouvindo um novo formar de ondas forte, vigoroso, saiu latindo ainda mais agudo, olhou pra trás, recebeu uma boa chuveirada de água do mar e se preparou pra correr novamente, feliz e chacoalhando o corpo para soltar toda a água dos respingos.

Voltou-se e vindo até meu espaço, cheirou, abanou o rabo como quem faz novo amigo e saiu correndo diligente para enfrentar feito quixote, o ruído forte da onda do mar, seu suposto invasor-inimigo. Nessa foto ele está se preparando para latir e subir na murada.

Um cachorrinho chileno, herói e curioso. Um amigo que fiz questão de cumprimentar e agradecer nesse meu caminho. Um mestre canino!



Ensinou tanto nesses tantos minutos que ali fiquei observando, quantas e quantas vezes latimos para o desconhecido, perdendo a chance de ver algo realmente belo brotar aos nossos olhos. Mas ele, mesmo latindo, subiu na murada e olhou o mar. Um corajoso!
Encarou:  O mar.
Fiquei tão estarrecida em perceber isso, que não consegui fotografar. Black foi luz no meu dia!

De algum lugar do planeta, Elaine

quinta-feira, 7 de abril de 2011

momentum en terra brasilis

(imagem: internet)

Alguém poderá dizer que não sabia...
podera dizer que a culpa é do outro...
mas tá faltando ORDEM NO PROGRESSO


sem motivação, hoje para escrever, aciono o LUTO.
De algum lugar no planeta, Elaine