quarta-feira, 15 de abril de 2015

:: Não morre ::




Não morre

Agora não olho mais pela grade de alumínio do portão...
A espera pelas horas encurtarem
Não há mais, a necessária força para mover
O corpo, a mente, a vaidade
Não morre tão fácil um amor
Não te chegaras a mim com o sorriso exposto
Nem com o cabelo molhado e oloroso.
Sentirei a falta do tato, do gosto, da pele tépida
Do cheiro de mar que invadia o suor de nossos dias
Não mais mensagens ocultas nas fronhas
Que alegravam o amanhecer, pois amanhecíamos cedo
para no prolongar das horas despertarmos
dos estados de ausência que nos permitíamos
não morre tão fácil um amor
não esse amor desfrutado e vivo
desses que pra sentir outra vez
é necessário complemento
porque amar assim é genuíno
é posto em chamas
banhado nas águas
respirado na ventania
enterrado na raiz mais profunda
não morre tão fácil um amor
morre a matéria, morre a oportunidade
morre o raro prazer que sangra
mas esse amor que não morre
dilata a alma porque precisa de mais espaço
porque precisa de referência ativa, viva e em movimento
porque amar o amor é como respirar fundo
é sentir a eloqüência do que não foi proferido.


Em especial para quem, foi do mar, meu maior tradutor!
Elaine
 
Direitos Autorais Reservados®

:: Arte de acalentar ::

 


A arte de acalentar

Circular é a alma em busca de teto
Sentidos soltos, ora armados
Vagam em sua materialidade circunstante

Nos ocos lunares refletem atomicamente
A possibilidade, de compostos, em ser
Serem!

Agregamos moléculas e nano matéria
Aspiramos saber pelas informações etéreas
Construímos uma ideia única

Atrevidos chispamos, impulsionamos ambicionados
Contemplamos do firmamento a força
Nossa vinda em existência, um novo mundo

Ninando nossa vontade,
Tecendo em teias a vinda
À terra, acalentados e em comunhão

E em alegria manifesta, rendemos
aos olhos do Pai, lágrimas puras
uma trajetória para novos sonhos.

Acalentemos a nova vida, nascidos!

Elaine
Direitos Autorais Reservados®

terça-feira, 14 de abril de 2015

:: O canto, do além ::




 O canto, do Além

Triste sina é o começo do fim
na frisa entre mundos
canto espaçado em névoa
eles, encravados, não prisioneiros
passageiros à espera
de talvez, pela última vez que
a chama da vela seja acesa
à janela dos dias e
que não mais em vão,
vibrados – sejam seus nomes.
Como único elo de ligação,
o término, o fim, a impermanência
enquanto gritamos suas letras
em um silencio gutural
feito amor na vida, em despedida,
nesse paralelo mundo,
pelo distanciar da alma
eles ali se tornam presentes.
Até que um dia, ao ouvirem o soar do
silêncio
sem mais vida ou alegria
Nesse, cá do mundo,
O seu nome silencie.
Encerrando por vez,
no canto do além
as suas existências.
Libertos para renascer.

Elaine
Direitos Autorais Reservados®

quarta-feira, 1 de abril de 2015

As cobras e lagartos de meu jardim

Semanas atrás um amigo muito querido me emprestou para que assistisse a novela – compilada - Vale Tudo (aquela que parou o Brasil – para descobrir quem matou a Odete Roittman) novela global de uma época em que havia um certo respeito pelo espectador e sua imaginação. Anos 80\90. E para minha surpresa, assistindo na sequencia os capítulos eu percebi um ótimo texto, um português corretíssimo, atuações impagáveis, diálogos inesquecíveis e também uma certa canastrice, além da repetição de móveis em inúmeros cenários...
Mas o mais bacana disso é que esta novela se tornou um objeto histórico. Um objeto onde colocamos nossa atenção como espectadores mais críticos, como quem vive observando para aprender um pouco mais, de um passado não tão remoto mas que fornece material de análise humana. E como uma espécie de espelho para o futuro onde o VALE Tudo se instalou. Hoje em dia não me sinto capaz para assistir novelas. Prefiro esporadicamente as minisséries (se indicadas), porém essas novelas antes de 2000 tinham um contexto mais próximo da realidade que se constituía em parceria com a imaginação do espectador, atualmente talvez, o discurso venha pronto, tão pasteurizado que ao invés de discutir a perda do Estado Laico, as pessoas se preocupam sobre o beijo das duas senhorinhas, dada a superficialidade na condução massiva dos menos críticos.
Mas voltando à observação do objeto de estudo, podemos fazer correlações sobre a forma de nos portarmos no mundo: muitos dos personagens dessa trama aparentemente seguiam a cartilha do demônio, outros da parte angelical – em ambos os lados: suportando problemas, administrando crises e mantendo-se fiéis aos seus valores.
Como núcleos estanques. Porém com o passar do tempo algumas atitudes, ações de cada personagem foram tornando possível o movimento. Um fazia o outro desfazia. Um falava o outro silenciava, um batia e o outro apanhava como uma bela dança entre os pares de opostos, com suas luzes e sombras. Quem não torceu pelos tapas na Maria de Fátima, ou quem não aplaudiu a caída da D. Odete?  E não torceu pelo amor vencer em muitos dos casais que ali se configuraram.
Como também se emocionaram com a tomada de consciência à cada sombra absorvida pela luz do núcleo do bem, quando a vilã derrotada, chorava e se colocava humanizada perante o mundo de olhos televisivos.  Porém, em muitos momentos o tal bem e mal precisaram sim, usar certas armas ora de um lado ou ora do outro para manterem-se no movimento da vida. Ter maleabilidade, flexibilidade. A trajetória dos heróis e heroínas e os passos deles pelo mundo.
Sinto que assim, também, tem sido a vida, certas ações e atitudes de expurgo pelo mundo só demonstram o quanto ainda nos falta consciência para viver e conviver com o diferente e assimilar a sua existência, veja não estou pedido a aceitação disso, mas a assimilação de que tudo é uma grande rede interligada. Agora uma coisa eu tenho certeza, quanto mais eu expurgo esse diferente, mais meu mundo se torna opaco. Mais o meu mundo se torna morno e monótono e mais a enantiodromia me fará dar voltas e voltas, mantendo o eixo do mundo particular – infinito apenas em mim, sem renovações. Mas tudo no tempo da prontidão para os dispostos a encarar a VIDA, com o eterno mudar e a paciência longínqua para os que se adaptam ao mundo tal qual está. Pelas reflexões Alex Olobardi, muito agradecida!!
 
Elaine, no planeta Terra - doida para saltar fora!