quinta-feira, 26 de agosto de 2010

se eu parto.... eu divido?

(Parque de las Esculturas, en Chile, por  R. Bombicini)

Compartilhar e dividir, re partir, silenciar e observar.
O mundo tem surpresas. Nosso íntimo conectado com o externo, somado. Se eu parto, eu divido ou compartilho? Partir em sua ampla jornada, partir sem quebrar...partilhar.
Dividir em partes, oferecer aquilo que em nós pulsa e lateja, é como redescobrir em si uma unidade, uma porção completa de nós mesmos.
Nesses dias de insonia, percebo que partilhar é bom e silenciar causa.
Nessas horas onde a percepção aguçada nos invade, percebo que o silencio da madrugada traz respostas  às indagações que escolhemos ter. E se nós escolhessemos caminhos diferentes,
encruzilhadas diferentes, pessoas ao nosso redor diferentes? Será que nossa vida seria igual?
conseguiríamos as mesmas respostas?
Se eu partir, eu divido ou ganho?
E se eu ficar? eu ganho ou compartilho?
Essas e tantas outras questões que nosso inconsciente deseja responder, só a vida, o dia a dia, podem responder. Tenho pensado nisso e apenas tentado ser melhor um dia de cada vez. Num treino constante, como um fazer artístico e pessoal, tornar-se pessoa.
Porque partir...partimos todos os dias!
E chegar, chegamos à cada momento...
o importante é esse movimento em nós e para nós!

De Chile, Elaine

sábado, 21 de agosto de 2010

"arte de acalentar"

(Chá quente em Los Dominicos - por Elaine)

Arte de acalentar






Circular é a alma em busca de teto


Sentidos soltos, ora armados


Vagam em sua materialidade circunstante






Nos ocos lunares refletem atomicamente


A possibilidade, de compostos, em ser


Serem!






Agregamos moléculas e nanomateria


Aspiramos saber pelas informações etéreas


Construímos uma idéia única






Atrevidos chispamos, impulsionamos ambicionados


Contemplamos do firmamento a força


Nossa vinda em existencia, um novo mundo






Ninando nossa vontade,


Tecendo em teias a vinda


À terra, acalentados e em comunhão






E em manifestada alegria, rendemos


Aos olhos do Pai, lágrimas puras


uma trajetória para novos sonhos.






Acalentemos a nova vida, nascidos!





Elaine


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sábado, 14 de agosto de 2010

no escondido do dia, surpresas - Nárnia chilena...

Adoro entrar em lugares nao permitidos, tirar fotos, xeretar, olhar pelas janelas e conversar com estranhos, desde que sintonize com a aura da pessoa, se isso rolar, puxo conversa numa boa, mas às vezes, encontro pessoas que também são assim. Em Santiago, nesse dia não foi diferente... me preparei pra sair e ao chegar no povoado a que visitei, percebi ao fundo um modestíssimo museu, mais pra duas salas de exposição do que para museu, mas ao centro dessa sala havia uma saída pra um corredor e mais ao centro desse corredor uma porta pra um jardim...
Cuidadosamente abri a porta de vidro e fui entrando...
Não... não era Nárnia, se bem que o clima frio até lembrava e muito as primeiras incursões da pequena ao mundo encantando, mas era um jardim. Um clima frio de inverno definitivamente fazia questão de me manter encolhida, olhava tudo e com a máquina a postos fotografei algumas das belíssimas plantas que ali estavam. Bonsais!
Percebi que dentro da casa havia um senhor, não ligou muito pra minha presença, mas fotografei o que pude e que senti que deveria registrar e já ia de saída, quando resolvi falar com o senhor que ali dentro se aquecia junto ao um aquecedor antigo (antigo mesmo) e uma xícara de chá. Estava em pé, debruçado sobre uns papéis numa mesa muito velha, mas ainda útil, dessas mesas que contam histórias de suas marcas e assentamentos de cotovelos sobre ela, de madeira muito escura, quase que podia sentir as histórias, mas preferi me ater à observar o senhor e perguntar à ele de quem era o jardim.
Ele se virou, me olhou atentamente e num sorriso simpático resolveu me explicar e foi assim que passei à quase uma hora inteira de boa conversa com o Senhor Sérgio. Falante, bem humorado e muito educado, me conduziu até a área externa, explicando cada mini árvore e sobre as raridades ali existentes, plantas de muitos anos, e que imagina que ainda farão muitos felizes por suas belas presenças, algumas premiadas e outras ainda em botão, a maioria sem folhagem, o inverno é rigoroso aqui, mas mesmo assim com linhas elegantes e harmonicas. O jardim extremamente bem cuidado era dele e da família.

No fundo uma porta se abre e me mostra o berçário dos bonsais!!! Inacreditáveis mudinhas de meses, anos e muitos anos, algo emocionante.

Terminamos nossa conversa, entramos para o longo corredor e seu calor agradável. Me estendeu a mão, educadíssimo, lembra aos antigos lordes. Agradeci pela conversa, elogiou o meu espanhol, me perguntou algumas coisas sobre como fui parar ali, acabamos rindo, pois ele disse que é raro alguém que entre no museu e que ainda mais vá até o fundo pra ver as plantas, isso feito aumentou o calor do aquecedor e me perguntou se eu voltaria.


Tentei pensar, mas a resposta saiu antes de que ue pudesse elaborar o pensamento: _ Mas é claro que volto! Sorrimos.

Me estendeu um cartão de visitas muito moderno e convidou a mim e ao Ricardo que também  faz bonsais para  na próxima visita irmos tomar um chá com ele. Disse que seria um prazer e que o convidaria sim. Atravessei a porta para o museu, revi algumas das obras expostas e preenchida, caminhei pela avenida e retomei a volta para o hotel, lembrando do dia e do jardim mágico.

Mas eu tenho um receio... quando eu voltar lá, será que o jardim vai estar??

Porque Nárnia só aparece de tempos em tempos...

De Chile, Elaine