terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Da varinha às palavras

Da varinha as palavras…
De crianca me detinha muito tempo com areia, quando ia a praia. Adorava escrever palavras e desenhar na orla do mar com uma varinha e esperar que o mar levasse a cada uma delas para viajar.
Aquí, hoje não tenho mar, nem areia! Substituo a necessidade das palavras na areia pelo incessante movimento de digitar, escrevendo pensamentos, sentimentos e quem sabe algumas reflexões. Gosto de contar ao papel o que tenho visto, enxergado. Aqui na tela, no computador, sinto que escrever me une à todos os lugares do mundo, como o mar, a areia e o vento.
Ao mar que levou minha palavras, sinto que me as tem devolvido através da chuva. Sensata a natureza, assim como a vida, devolve o que lhe ofertamos.
Há muitas letras aquí, muitas imagens também…mas as palavras essas que saem por meus dedos, são oferendas de criança ao mundo que nos cerca.
De algum lugar no mundo, para mim mesma, para relembrar da beleza infantil que carregamos em nós!
Elaine
 

Sobre a pressão de Ser ou Estar...

Ouvindo Billy, sempre, Holliday !

E nessas horas em que as crises de abstinência psico intelectuais, emo, racionais, batem, ela me serena... não sei bem o que é...mas enfim, vamos caminhando e bem.

Existe um período de maturação para certas coisas, como a peneira no bocal do cano de um grande rio.... represa, represa, represa, uma hora desentala e sai de uma vez e pronto! Redondo, justo e sem cobranças.

Uma unidade completa de "vir à Luz".

Dar-nos esse direito é algo que busco. Há um local entre a pausa e o movimento (em tudo), onde nossa essência se acolhe às vezes. Ela precisa disso pra crescer eu acho. E nela que estou agora, mesmo porque o Saturnão sentou no meu signo até agosto, me deixando maluca...rs inquieta, introspecta e cheia de coisas novas, ai - apaciento.... Não tem jeito, se for fazer qualquer coisa, vou fazer merda e da grande. Então acalmo e vou construindo retalhos, uma hora a colcha fica pronta. A analogia pra minha vida é perfeita, uma hora cato os retalhos de tudo e junto, vai sair um negócio muito legal!

Não estou dizendo que isso é regra, mas acho que do íntimo feminino - tô começando a entender um pouco.

Curto esse momento, daqui à pouco a coisa desvela. E sem aquele medo ai - se não fizer agora perco o ritmo - a oportunidade enfim, tremenda bobagem... quando a gente quer a gente carrega um caminhão!

Como diz minha grande amiga Adélia, a gente tem que ter projetos na manga (vários), então planejar sem planejar, criar, criando e viver, vivendo, sem tirar nem por.
 
Este texto é, acreditem de 2007, porém está migrando de outro blog para este e o curioso, é que o estado embora num outro momento é muito parecido com este de 2007. Somos ciclos...

Humores e seus ventos

Humores e seus ventos
Ando me sentindo vazia - será a mudança da idade? nada depressiva, um quê de melancólica, me ocupando e me centrando, mas refletindo minuciosamente. Me refletindo

Às vezes me sinto uma personagem que caiu da história enquanto eu dormia. Acho que é saudade! Saudade de ter feito, saudade de um tempo, uma gama de coisas boas, ou mesmo tomar um chá com pão de ló.Saudades até de Clarice Lispector.

Acho que é apenas e tão somente a saudável vontade de viver que mais uma vez bate à minha porta de dentro pra fora.... Essa vontade de se sentir VIVA!


Sabe aquela história: "nunca te vi, sempre te amei", não tenho mais avós à muito tempo, rememorar as mesas com a família reunida e as ofertas saborosas fizeram de minha manhã algo especial, na verdade a minha avó cozinhava medianamente, mas fazia bolinho de chuva como ela só (motivo inclusive de nos reunirmos ao redor da mesa....rs) mas a tia avó - chamada Angelina - essa era a rainha dos doces. Com ela eu comia até doce de sidra. Cada vez que ia até a casa dela era um espanto - os doces nos faziam pairar na porta da cozinha, onde ela servia em uns pratinhos leitosos verde clarinhos e na saída me dava uma rosa colhida do jardim cultivado, cortava uma, com a tesoura de abrir saco de farinha: "uma rosa para uma flor" me dizia e eu tinha lá meus 12, 13 anos. Depois ela partiu.

Acho que isso tipo de imagem no imaginário infantil/crescido faz falta, mas é necessário sim que a gente tome consciência que isso não é tão comum nos dias de hoje, tudo muda. Mas mesmo assim sempre tem alguém que nos faz buscar essa memória meio olfativa, meio criança.

Algumas mulheres me fazem reconhecer essa intensidade, de que sou feita.
De que sou feita?
Sou feita?



Elaine - Maio 2007
Texto que foi escrito em outro espaço e hoje migrado para este Blog.

 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Fiando o tempo

 
 
Existe uma fiandeira no mundo, que fica sentada em sua cadeira de balanço, seus cabelos voam na brisa leve, seu olhar é úmido e alcança o horizonte que ainda não vemos e seus pés se apoiam numa enorme bola de fios de algodão puro, quanto mais tece, maior vai ficando o novelo. Ela se esgueira entre os pontos e vai somando aos nossos sonhos todas as inspirações, ela é velha, quase bela, vez por outra para o que faz, apoia seu trabalho no novelo, levanta e espreguiça-se, olha para o céu com suas estrelas, para o mar com suas estrelas e sorri pelo céu de sua boca de onde pérolas vão escorrendo delicadamente e se juntando no inconsciente dos artistas, a essa junção eu chamo de poesia, a essa junção eu chamo de entusiasmo, pois é cheio e plenificado da força dos Deuses e ela retomando as agulhas tece nossos sonhos ainda não sonhados, as nossas esperanças que ainda não sabemos ter, ela rege um movimento. Um movimento secular, antigo e longínquo, nos emociona e cuida para que a arte não sucumba às dores do mundo. Vez por outra alguém se apropria disso e dança, faz sons, elege personagens, canta em frente o espelho e ela tecendo, sorri novamente, cumpre a sua missão.
 
 
Todo carinho pelas elegancias do mundo, Elaine Bombicini