quinta-feira, 17 de novembro de 2011

:: Migras ::




Há a armadilha do tempo,

Passageiro.

Em misteriosas terras distantes

Abrindo-se em fronteiras, fluis

Entre sóis e luas à sós

com suas sombras elásticas
 
migras eterno

através de mouros ventos

dá-me detalhes de suas passagens

E nas certezas de ser
 
Imortal mensageiro,

Sangram os vagos pensamentos

Nos abismos de céu e sal

Peregrino etéreo,
 
Alvo que persigo no passar dos dias.
 
Eres a calma resoluta

Onde sou fúria incumbida.


Elaine
Direitos Autorais Reservados®


 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

glaciares e o templo do tempo.


Somos brindados por surpresas em cada passo de nossa vida, em alguns deles tropeçamos, em outros corremos e em outros simplesmente estacionamos. E nessa pausa um refrigério para os sentidos oferece, generosa, a oportunidade de nos transformar.

O silêncio desse momento de observação atinge algo divino em nós. Esse silêncio que te permite ir além, te permite comungar com camadas pessoais, como num templo, esse silêncio ecoa, gostoso, profundo, substancialmente essencial. Assim como os glaciares, onde em camadas centenárias nos trazem ao longo de  mais de 400km de gelo caminhante, onde mora  a beleza essencial das neves congeladas, aquele algo que foi congelado lá atrás, num tempo desse templo terrestre que habitamos, em que nem ainda existíamos.

Tanto dentro quanto fora, a natureza sábia, informa com perspicaz alumbramento que somos perfeitos, somos divinos, somos símbolo e matéria. Estar nesse encontro de águas, terra e gelo e comungar desse tempo que ficou retido na molécula de água gelada por tantos e tantos e tantos anos até chegar a nós e poder observar isso é receber um impacto na alma sem precedentes.
Você ali está caminhando em águas geladas à muitos anos. E camadas geladas... É de uma beleza!!
Uma beleza não catalogada, não superficial, não célebre. É a beleza de um encontro de almas ...a minha e a do Gelo! Esse senhor antigo à quem rendo homenagem, que me deu uma das maiores e mais vibrantes experiências de vida.

Caminhar entre os azuis profundos das águas e a neve branca e gelada, sentir o vento seco, o sol úmido, os aromas do frio, suas matizes luminosas, empolga, reanima, revigora. Um lugar no fim do mundo, um templo ao ar livre para mentes sem fronteiras. Quem é uno, é Uno em qualquer lugar. Um brinde à isso.
Felizes os novos tempos em nossos templos!
Mente voe!






da Patagônia Argentina, depois de muito caminhar, Elaine