Semanas atrás um amigo muito
querido me emprestou para que assistisse a novela – compilada - Vale Tudo (aquela que parou o Brasil – para
descobrir quem matou a Odete Roittman) novela global de uma época em que havia
um certo respeito pelo espectador e sua imaginação. Anos 80\90. E para minha
surpresa, assistindo na sequencia os capítulos eu percebi um ótimo texto, um
português corretíssimo, atuações impagáveis, diálogos inesquecíveis e também
uma certa canastrice, além da repetição de móveis em inúmeros cenários...
Mas o mais bacana disso é que
esta novela se tornou um objeto histórico. Um objeto onde colocamos nossa
atenção como espectadores mais críticos, como quem vive observando para
aprender um pouco mais, de um passado não tão remoto mas que fornece material
de análise humana. E como uma espécie de espelho para o futuro onde o VALE Tudo
se instalou. Hoje em dia não me sinto capaz para assistir novelas. Prefiro
esporadicamente as minisséries (se indicadas), porém essas novelas antes de
2000 tinham um contexto mais próximo da realidade que se constituía em parceria
com a imaginação do espectador, atualmente talvez, o discurso venha pronto, tão
pasteurizado que ao invés de discutir a perda do Estado Laico, as pessoas se
preocupam sobre o beijo das duas senhorinhas, dada a superficialidade na
condução massiva dos menos críticos.
Mas voltando à observação do
objeto de estudo, podemos fazer correlações sobre a forma de nos portarmos no
mundo: muitos dos personagens dessa trama aparentemente seguiam a cartilha do
demônio, outros da parte angelical – em ambos os lados: suportando problemas,
administrando crises e mantendo-se fiéis aos seus valores.
Como núcleos estanques. Porém com
o passar do tempo algumas atitudes, ações de cada personagem foram tornando
possível o movimento. Um fazia o outro desfazia. Um falava o outro silenciava,
um batia e o outro apanhava como uma bela dança entre os pares de opostos, com
suas luzes e sombras. Quem não torceu pelos tapas na Maria de Fátima, ou quem
não aplaudiu a caída da D. Odete? E não
torceu pelo amor vencer em muitos dos casais que ali se configuraram.
Como também se emocionaram com a
tomada de consciência à cada sombra absorvida pela luz do núcleo do bem, quando
a vilã derrotada, chorava e se colocava humanizada perante o mundo de olhos
televisivos. Porém, em muitos momentos o
tal bem e mal precisaram sim, usar certas armas ora de um lado ou ora do outro
para manterem-se no movimento da vida. Ter maleabilidade, flexibilidade. A
trajetória dos heróis e heroínas e os passos deles pelo mundo.
Sinto que assim, também, tem sido
a vida, certas ações e atitudes de expurgo pelo mundo só demonstram o quanto
ainda nos falta consciência para viver e conviver com o diferente e assimilar a
sua existência, veja não estou pedido a aceitação disso, mas a assimilação de
que tudo é uma grande rede interligada. Agora uma coisa eu tenho certeza,
quanto mais eu expurgo esse diferente, mais meu mundo se torna opaco. Mais o
meu mundo se torna morno e monótono e mais a enantiodromia me fará dar voltas e
voltas, mantendo o eixo do mundo particular – infinito apenas em mim, sem renovações. Mas tudo
no tempo da prontidão para os dispostos a encarar a VIDA, com o eterno mudar e
a paciência longínqua para os que se adaptam ao mundo tal qual está. Pelas
reflexões Alex Olobardi, muito agradecida!!
Elaine, no planeta Terra - doida para saltar fora!
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