sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Delicadezas do olhar estrangeiro

Mais um dia de caminhadas e um céu de luz e amor por sobre nossas cabeças, definitivamente uma benção essa luz ao final do dia no passeio ao Cemitério Recoleta em Buenos Aires.

Já estive ali um par de vezes e nem iria hoje, minha meta era o Museo de la Língua Española, o único em las Américas, como o nosso da Língua Portuguesa em São Paulo, mas no meio do caminho o Centro Cultural Recoleta, finalmente aberto me fez rever o roteiro. Nesse espaço uma super exposição de fotografias acontecia, não resisti, mais de 8 salas com uma super mostra inclusive com um artista brasileiro, mas sobre isso decorro em outro post, hoje quero falar do cemitério.

Sempre lembro do filme: "Meia noite no jardim do bem e do mal" e de uma personagem fantástica (tipo bruxa ou feiticeira) que comenta: - "Para se entender os vivos, há de se comungar com os mortos!" e foi exatamente o que a mudança de roteiro me fez fazer.
Fui comungar com os mortos argentinos, que NEM conheço, mas as experiências nesse campo sempre são fabulosas, todas as vezes que passo por ele, minha vida fica mais interessante, minha emoção aflora e o que vejo ali movimenta minha alma, nutre meu coração e eu fico muito melhor como pessoa. Fora as experiências no campo da metafísica (paranormalidade) é muito legal!

Em cada cantinho, novas e surpreendentes surpresas, há arte, há sensibilidade, existe uma aura de respeito ou pelo menos assim vejo, há mistério, há diferentes religiões ali, mas tudo dentro de uma composição que abrange o invisível! muitos dos túmulos estão perfeitamente conservados, assim como muitas das obras de arte ali existentes, outros nem tanto, alguns antigos caindo aos pedaços, mas revestidos de profunda religiosidade, que a meu ver é o que se espera de um lugar assim. Eu comungo mesmo, quase mastigo o ar ali existente e da próxima vez quero levar flores para algum túmulo abandonado, para saudar alguém esquecido ou que a família já tenha sido descontinuada. Os esquecidos do mundo. E lá venho eu novamente com os tais dos registros, ando obsecada por este tema. Que atualmente faz parte do momento do mundo, fechando ciclos (futebol, política, humanóides...o Kilt, gente o KILT fechou... o templo da luxúria de SP fechou suas portas...enfim, fim dos tempos) e ai que no final da curva subimos de degrau. Comungar com esses ossos me faz me sentir em casa, por favor, não vejam nisso algo doentio ou maníaco, mas como uma postura perante a não morte, porque ela não existe. Ali nos ossinhos há o registro dessas existencias pela Terra e que voltaram à terra para refundamentá-la.  Se há algo que me incomoda? Claro que sim, a voz dos brasileiros e suas risadas altas! Exato, ouvi e presenciei isso várias vezes, o tal desrespeito, um dos momentos foi quando um dos moços de um grupo de 6, saiu reclamando que o túmulo "da Diva" (Evita Perón) deveria ter plumas e paetés, que era muito chinfrim e que tinha perdido seu tempo vindo ali e foi contestado pelo grupo com altas risadas. Quando me perguntaram sobre a saída pensei em mandá-los para o inferno, mas rapidamente levei-os até o corredor para que deixassem o ambiente mais tranquilo, como todos os mortos ali precisam. Mas não sem antes jogar a praga do Camelo neles...rsrs

Por isso penso em levar flores, é a forma de brindar com essas existências já que não bebem mais vinho!!Honrar à quem merece descanso. Acho que gostaria que fizessem isso por mim!




Neste túmulo por exemplo, temos os caixões (dentro deles há outra caixa forte mesmo que se decomponha o material permanece intacto, até anos atrás as caixas internas eram feitas de chumbo. Acima entre as fotos há uma do cão da família! não sei se está enterrado ai, mas me pareceu muito respeitoso. Neste outro já vemos as caixas menores todas com cinzas ou resíduos dos falecidos, protegidas por uma imagem de Cristo e de Mãe Maria, achei o máximo. estes que fotografei são revestidos de vidro, por isso pude fotografá-los. Mas a grande maioria são mausoléus em diferentes tamanhos e tipos de contrução. São belos!



Talvez o meu olhar estrangeiro veja isso de forma diferente, mas me parece que olhando por esse angulo, tudo está em seu devido lugar! Não é para ficar mais sereno com isso??


Enfim esse espaço realmente possui belezas, fiquei ali por quse 3 horas e à luz da tarde tudo ficou ainda mais bonito. Na foto abaixo vemos a torre da Capila De Nuestra Sra Del Pilar:  


De Buenos Aires para o mundo, Elaine


3 comentários:

Adélia Nicolete disse...

Oh, menina!
Fotos maravilhosas, belas reflexões.
Essa estada em Bue rendeu, hein?!

Elaine P Bombicini disse...

Apesar de uma semana chuvosa e friorenta, a outra rendeu um pouco de caminhada e são nesses passos pela cidade que penso um pouco, o mundo precisa ser caminhado né?? e vamos blogando de espacito...rsrsbeijos e obrigado pela ternura sempre presente!! se cuida!

Silmara C. disse...

Claro que nao te vejo como maniaca, ate porque eu tambem seria uma. Me identifico muito com essas reflexoes e essa atracao por esse lugar. As fotos ilustraram muito bem a sua passagem e so fiquei curiosa com os acontecimentos paranormais que voce citou de inicio. Amo ler nos tumulos quem foi aquele individio e questiono se foi amado(a), celebrado(a), se deixou saudades e se alguem se importou um dia. Quando voce levar flores, por favor, coloque a foto do tumulo escolhido. Fiquei facinada.
Beijos
Sil