Existe uma fiandeira
no mundo, que fica sentada em sua cadeira de balanço, seus cabelos voam na brisa
leve, seu olhar é úmido e alcança o horizonte que ainda não vemos e seus pés se
apoiam numa enorme bola de fios de algodão puro, quanto mais tece, maior vai
ficando o novelo. Ela se esgueira entre os pontos e vai somando aos nossos
sonhos todas as inspirações, ela é velha, quase bela, vez por outra para o que
faz, apoia seu trabalho no novelo, levanta e espreguiça-se, olha para o céu com
suas estrelas, para o mar com suas estrelas e sorri pelo céu de sua boca de onde
pérolas vão escorrendo delicadamente e se juntando no inconsciente dos
artistas, a essa junção eu chamo de poesia, a essa junção eu chamo de
entusiasmo, pois é cheio e plenificado da força dos Deuses e ela retomando as
agulhas tece nossos sonhos ainda não sonhados, as nossas esperanças que ainda
não sabemos ter, ela rege um movimento. Um movimento secular, antigo e
longínquo, nos emociona e cuida para que a arte não sucumba às dores do mundo.
Vez por outra alguém se apropria disso e dança, faz sons, elege personagens,
canta em frente o espelho e ela tecendo, sorri novamente, cumpre a sua
missão.
Todo carinho pelas elegancias do mundo, Elaine Bombicini
2 comentários:
Oh, que bom, ve-la de novo tecendo postagens no blog! Restaura-se o dialogo, restaura-se a poesia e o mundo virtual ganha contornos mais suaves. :)
Adélia
Sempre agradecida à você pelos estímulos! Combato hormônios e os demônios, nem sempre é fácil postar as coisas. Mas estamos caminhando!! :-)
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