segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Fiando o tempo

 
 
Existe uma fiandeira no mundo, que fica sentada em sua cadeira de balanço, seus cabelos voam na brisa leve, seu olhar é úmido e alcança o horizonte que ainda não vemos e seus pés se apoiam numa enorme bola de fios de algodão puro, quanto mais tece, maior vai ficando o novelo. Ela se esgueira entre os pontos e vai somando aos nossos sonhos todas as inspirações, ela é velha, quase bela, vez por outra para o que faz, apoia seu trabalho no novelo, levanta e espreguiça-se, olha para o céu com suas estrelas, para o mar com suas estrelas e sorri pelo céu de sua boca de onde pérolas vão escorrendo delicadamente e se juntando no inconsciente dos artistas, a essa junção eu chamo de poesia, a essa junção eu chamo de entusiasmo, pois é cheio e plenificado da força dos Deuses e ela retomando as agulhas tece nossos sonhos ainda não sonhados, as nossas esperanças que ainda não sabemos ter, ela rege um movimento. Um movimento secular, antigo e longínquo, nos emociona e cuida para que a arte não sucumba às dores do mundo. Vez por outra alguém se apropria disso e dança, faz sons, elege personagens, canta em frente o espelho e ela tecendo, sorri novamente, cumpre a sua missão.
 
 
Todo carinho pelas elegancias do mundo, Elaine Bombicini

2 comentários:

Anônimo disse...

Oh, que bom, ve-la de novo tecendo postagens no blog! Restaura-se o dialogo, restaura-se a poesia e o mundo virtual ganha contornos mais suaves. :)
Adélia

Elaine P Bombicini disse...

Sempre agradecida à você pelos estímulos! Combato hormônios e os demônios, nem sempre é fácil postar as coisas. Mas estamos caminhando!! :-)