terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Humores e seus ventos

Humores e seus ventos
Ando me sentindo vazia - será a mudança da idade? nada depressiva, um quê de melancólica, me ocupando e me centrando, mas refletindo minuciosamente. Me refletindo

Às vezes me sinto uma personagem que caiu da história enquanto eu dormia. Acho que é saudade! Saudade de ter feito, saudade de um tempo, uma gama de coisas boas, ou mesmo tomar um chá com pão de ló.Saudades até de Clarice Lispector.

Acho que é apenas e tão somente a saudável vontade de viver que mais uma vez bate à minha porta de dentro pra fora.... Essa vontade de se sentir VIVA!


Sabe aquela história: "nunca te vi, sempre te amei", não tenho mais avós à muito tempo, rememorar as mesas com a família reunida e as ofertas saborosas fizeram de minha manhã algo especial, na verdade a minha avó cozinhava medianamente, mas fazia bolinho de chuva como ela só (motivo inclusive de nos reunirmos ao redor da mesa....rs) mas a tia avó - chamada Angelina - essa era a rainha dos doces. Com ela eu comia até doce de sidra. Cada vez que ia até a casa dela era um espanto - os doces nos faziam pairar na porta da cozinha, onde ela servia em uns pratinhos leitosos verde clarinhos e na saída me dava uma rosa colhida do jardim cultivado, cortava uma, com a tesoura de abrir saco de farinha: "uma rosa para uma flor" me dizia e eu tinha lá meus 12, 13 anos. Depois ela partiu.

Acho que isso tipo de imagem no imaginário infantil/crescido faz falta, mas é necessário sim que a gente tome consciência que isso não é tão comum nos dias de hoje, tudo muda. Mas mesmo assim sempre tem alguém que nos faz buscar essa memória meio olfativa, meio criança.

Algumas mulheres me fazem reconhecer essa intensidade, de que sou feita.
De que sou feita?
Sou feita?



Elaine - Maio 2007
Texto que foi escrito em outro espaço e hoje migrado para este Blog.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando queremos enviar um comentario a este blog ele faz uma provocaçao: prove que voce nao é um robô. E manda digitar numeros e letras que ele nos mostra.
Fiquei pensando que essa sua postagem de hoje serve, alem de tantas coisas, para nos lembrarmos de que nao somos robos, de que nao nascemos hoje para o hoje. Somos feitos ha muito tempo, desde antes de nos. E cheiro do doce, o gosto do bolinho, a flor sao parte do que nos constitui - do que prova que nao somos msquinas.

Lindo seu texto. Humano. :)
Adélia