terça-feira, 20 de julho de 2010

uma história, um museu, uma observação

Hoje saí em meio à manhã, pois o frio estava aterrador, café da manhã tomado, agasalhos, casaco, orejeras (tampa orelhas), meu check list diário (máquina fotográfica, toalhas úmidas, uma fruta, uma barrinha de ceral light, uma botelha de água, um xale de tecido de lã, caneta, caderneta de anotações, endereço do hotel, celular carregado y a carteira, que contém documento e dinheiro chileno, creme hidratante com filtro solar e labial, colírio, lenços de papel e spray de própolis) mochila feita, fui em direção à estação Tabalaba, em direção à Baquedano, onde fazemos a troca para a linha verde, tudo simples e bem indicado, na linha verde desci em Quinta Normal para visitar ao Museo de la Memoria y los Derechos Humanos.
O passeio era programado, mas como prometi a uma amiga do Brasil, Carina, que iria visitá-lo, pois ela e seu trabalho estão contidos ali no Museo, fizeram a maquete antes de sua construção, vim hoje.
O Museu é lindo em si, leve apesar do tamanho e acolhedor apesar da frieza dos materiais utilizados em sua construção. Mais de 90 por cento interditado, pois depois dos terremotos, muitos deles estão em reforma ou em restauro. Uma perda pra cidade por certo. Mas do que pude ver, me agradou profundamente, o tema é pesado, resgata a memória do povo Chileno e todas as agruras pelas quais passaram, citam outros grandes espaços onde resgatam a humanidade através de fotos e relatos. Há fotos de passeatas em São Paulo - contra a violencia! curioso. Acesse: http://www.museodelamemoria.cl

Em outra pequena parte que pude estar, citam os memoriais em cada lugar do Chile, lembrando vítimas, artistas, pessoas da terra que lutaram pelos Direitos Humanos. Tem um grande painel sobre isso e uma exposição permanente.
Enfim, me faltam as salas principais e espero que numa próxima oportunidade, eu possa visitá-las e complementar meu relato. Sentei-me do lado de fora e comi minha barrinha de cerais, o frio acaba com nossa reserva de energias e já se fazia insuportável,  resolvi voltar.
Caminhei pelo lado externo e aproveitei pra fotografar seus contornos. É grande.
Retomei meu caminho, baixei para a estação de metrô e me pus a fazer o que sempre faço, observar.
Adorei saber que eles tem aqui uma BIBLIOMETRÔ:

Você se inscreve, paga uma taxa, e tem direito a utilizar os livros do quiosque que há em algumas estações. Fiquei encantada, se vier morar aqui, me tornarei associada.E não pensem que é elitizado, pelo contrário, vi senhoras amas del hogar (donas de casa), jovens e pessoal de idade madura retirando e devolvendo os livros. Cultura num povo é a base, ai que inveja!
Na volta, no vagão, vi gente de toda idade, são menos sorridentes que os brasileiros, mas percebe-se afetuosos pelos olhares, são desconfiados, porém não armados, a postura física é menos defensiva e mais tranquilos pra andarem e sairem dos vagões, não existe empurra empurra, pelo menos nos  dias que utilizei essa via de transporte, não vi nada que me chamasse a atenção nesse sentido. Um aprendizado enorme para mim.

São polidos, educados e reverentes. Sinto que cada um cumpre sua função com presteza e cordialidade. Não há aquela intimidade "forçada" que o brasileiro às vezes tem. Aliás aqui está na alta temporada de brasilidade, são ruidosos, são espaçosos, somos nós, os brasileiros. Às vezes sinto até uma certa vergonha, pois me identifico muito com essa formalidade dos Chilenos e é como se invadissem a praia deles aqui, mas vão e vem a cada semana, portanto o ritmo é bem vindo a cidade. Mas confesso que nem sempre é fácil ver a frivolidade atuando em agudo portugues.

Chegando  ao meu destino, regresso ao hotel sob um forte vento, termino de ler meu livro do Neil Gaiman  e desço pro almoço às 14:30hs, o chef hoje estava inspirado, nesse hotel tem uma cozinha muito acima da média, e chilenos marcam seus almoços de negócio aqui, um outro mundo de aprendizado.

Almocei muito bem, tomei meu té verde e  hoje não sairei mais, o frio intenso me pede instrospecção e venho escrever pros amigos. O que nem sempre é fácil, pois sou alvo de expectativas...rs ...


Mas adoro contar o que vejo, é uma forma de como Vinícius diz: não morrer é ter os amigos perto, foi a forma que achei de trazer vocês comigo. Tenho miles de histórias para contar, mas não vou saturá-los.

Atualizarei minhas redes sociais e amanhã vamos a Los Dominicos (de metrô, até o pueblito afuera de la ciudad), espaço de oficinas e lojas de artesanato.

De Chile, Elaine

4 comentários:

Adélia Nicolete disse...

Que delicia de relato, Lan.
Que privilegio fazer essas viagens com essa idade, essa maturidade e tantos instrumentos: foto, escrita, poesia.
Vida longa ao blog e aos seus registros. Beijos.

Elaine P Bombicini disse...

Oi Adélia,
obrigado!! Sempre és muito bem vinda!
A gente tem sorte de amadurecer nesse momento, no mundo. Grande beijo, Lan

Carina disse...

Preciso postar aqui, pois foi muito bom ter visitado com você este museu, e sentido, mesmo do outro lado da tela, as emoções , as imagens, as sensações que você consegue muito bem, expressar em palavras.
Um beijo e boa viagem pela vida!

Elaine P Bombicini disse...

CArina!!!
venha sempre. Gosto saber-te, ainda mais lendo-me!